quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

''O LEÃO, A FEITICEIRA E O GUARDA-ROUPA'' DE C.S.LEWIS

Título original: The Lion, The Witch and the Wardrobe
Número de páginas: 184
Ano de lançamento: 1950
Editora no Brasil: Martins Fontes

Este foi o primeiro título publicado da série ''As Crônicas de Nárnia'' em 1950, embora em ordem cronológica este seja o segundo volume da série escrita por C.S.Lewis. Até hoje me pergunto o porque a Disney não seguiu a ordem cronológica nos filmes e deu preferência para a ordem em que eles foram publicados. Seria mesmo mais interessante começar por ''O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa''? Talvez sim...

Nesse segundo livro da série somos apresentados aos irmãos Pevensie: Pedro, Edmundo, Susana e Lúcia - que são enviados para a casa de campo de um velho professor para fugirem da guerra que está acontecendo em Londres. Durante uma brincadeira num dia de chuva as crianças acabam descobrindo um antigo guarda-roupa dentro de uma sala vazia, e acabam encontrando (acreditem se quiser) dentro dele, uma floresta coberta de neve com um lampião no centro. A partir daí as crianças começam a descobrir sobre esse País chamado Nárnia, onde sempre é inverno sem nunca ser Natal, graças a uma terrível maldição criada pela Feiticeira Branca.

Antes de vocês começarem a ler ''As Crônicas de Nárnia'' é preciso ter em mente que este é um livro ESCRITO PARA CRIANÇAS, OK? PARA CRIANÇAS. Então sim, ele tem uma linguagem bem fácil, rápida, infantil. Cada conto possui menos de 100 páginas, então é o tipo de livro que você consegue terminar no mesmo dia. 




Assim como o primeiro volume, ''O Sobrinho do Mago'', ''O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa'' também possui algumas passagens bíblicas. Mais paralelos podem ser identificados como a ''Trindade'' tendo Aslam como Filho, dado que além do sacrifício é citado o fato de que ele é filho do ''Imperador-de-Além-Mar'', que este seria Deus. Há ainda alusões a eventos do sacrifício de Cristo no sacrifício de Aslam, como a sua humilhação antes da morte, e as cortinas do templo rasgadas após a morte na forma da Mesa de Pedra sendo partida de um lado a outro. Pode ser feita também uma comparação no papel das crianças com o dos discípulos de Jesus colocando Edmundo como Judas - o traidor, e o rei Pedro como o próprio Apóstolo Pedro. As duas meninas também são as primeiras a ver Aslam ressurgindo assim como na narrativa bíblica.

Mas esses toques bíblicos só serão percebidos por olhos mais atentos, e em nada interferem na leitura para os jovens. Há quem critica o autor por tentar ''catequizar'' os leitores, mas, eu não vejo dessa forma.

Aos de ''mentes mais abertas'', ''As Crônicas de Nárnia'' é um prato cheio.


 ''E aí aconteceu uma coisa muito engraçada. As crianças ainda não tinham ouvido falar de Aslam, mas no momento em que o castor pronunciou esse nome, todos se sentiram diferentes. (...) Ao ouvirem o nome de Aslam, os meninos sentiram que algo dentro deles vibrava intensamente. Para Edmundo foi uma sensação de horror e mistério. Pedro sentiu-se de repente cheio de coragem. Para Susana, foi como se o aroma de uma linda ária musical pairasse no ar. Lúcia sentiu-se como quem acorda na primeira manhã de férias ou no princípio da primavera.'' 


Eu não sei quanto a vocês, mas eu fico muito curioso em saber quem são aquelas pessoas para quem os autores dedicam seus livros. Na maioria das vezes eu recorro ao Google na tentativa de descobrir que impacto elas tiveram na vida dos autores. E eis que, acabo de ler a dedicatória mais linda - até então. Ela está presente no começo do livro ''O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa'', segundo volume de ''As Crônicas de Nárnia'' e ela diz o seguinte:

''Para minha querida Lucy Barfield

Comecei a escrever esta história para você, sem lembrar-me de que as meninas crescem mais depressa do que os livros. Resultado: agora você está muito grande para ler contos de fadas; quando o livro estiver impresso e encadernado, mais crescida estará. Mas um dia virá em que, muito mais velha, você voltará a ler histórias de fadas. Irá buscar este livro em alguma prateleira distante e irá sacudir-lhe o pó. Aí me dará sua opinião. É provável que, a essa altura, eu já esteja surdo demais para poder ouvi-la, ou velho demais para compreender o que você disser. Mas ainda serei o seu padrinho, muito amigo.

C.S.Lewis.''

Acabei descobrindo que essa tal Lucy era afilhada do autor, e ele gostava tanto dela que pegou seu nome emprestado para uma das protagonistas de suas histórias. Não consegui descobrir se ela gostou do livro ou não, pois 15 anos após sua publicação, Lucy desenvolveu esclerose múltipla, e passou os próximos 40 anos lutando contra a doença. Seu corpo diminuiu, ela parou de falar e aos poucos foi parando de comer. Descobri que ela faleceu no dia 3 de Maio de 2003. Mas acredito que, seu espírito infantil ainda esteja presente em cada página desse livro.

domingo, 28 de dezembro de 2014

''O SOBRINHO DO MAGO'', DE C.S.LEWIS


 Título original: The Magician's Nephew
 Número de páginas: 184
 Editora no Brasil: Wmf Martins Fontes
 Ano de lançamento original: 1955



Embora ''O Sobrinho do Mago'' não tenha sido o primeiro livro da série ''As Crônicas de Nárnia'' a ser lançado, ele relata os acontecimentos bem antes de ''O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa''. O livro foi publicado originalmente em 1955.

Nesse primeiro volume somos apresentados ao menino Digory e sua vizinha Polly, que numa tarde decidem explorar o sótão das casas de sua rua e sem querer acabam indo parar na misteriosa sala do Tio André (tio do Digory). Lá as crianças descobrem que o Tio anda fazendo experimentos com anéis mágicos que transportam pessoas/objetos para outros mundos. Após uma ''emboscada'' o Tio acaba enviando essas duas crianças para outro mundo, já que ele mesmo não tem coragem de ir, devido a sua idade. Sendo assim, Digory e Polly acabam indo parar no Bosque Entre Dois Mundos, uma floresta extremamente silenciosa onde existem vários lagos. Dentro de cada lago existe uma passagem para vários outros mundos. As crianças acabam indo parar num mundo em ruínas chamado Charn onde sem querer acabam ''despertando'' Jadis, a Feiticeira Branca e a levando consigo de volta para seu mundo, em Londres. Depois da Feiticeira causar um tumulto pelas ruas da cidade, ela, as crianças e o Tio acabam indo parar num mundo ''vazio'', na tentativa de levar a Feiticeira de volta. Chegando nesse mundo vazio, eles veem a imagem de um Leão cantando, essa música aos poucos, começa a se transformar no reino de Nárnia... 





Me arrisco a dizer que dos sete livros sobre ''Nárnia'', ''O Sobrinho do Mago'' é um dos melhores, por nos apresentar de forma simples e direta a criação desse mundo. C.S.Lewis escreveu os livros de forma bem simples, em forma de crônicas, principalmente destinado as crianças, mas que acaba sendo muito mágico para os adultos também. A religião, que sempre esteve presente em suas obras parece ganhar mais destaque nesse primeiro volume, já que existem grandes semelhanças com o livro de ''Gênesis'', pois temas como a criação, o pecado original, a fruta proibida e a tentação, ficam claros no enredo da história.




RECOMENDO a leitura para quem gostou dos filmes e quer se aprofundar mais na história, comecem pelo ''O Sobrinho do Mago'' e descubram mais sobre a criação desse universo, sobre o reino de onde surgiu a Feiticeira, sobre o porque existe um lampião no meio da floresta e de onde surgiu o Guarda-Roupa.